Em Tempo – Por que devo defender o que não tenho?

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Aviso aos navegantes. Farei uma simples análise da situação política brasileira. Não tenho bola de cristal, nem acredito que a história seja um processo predeterminado por leis dogmáticas, portanto, embora fundamentada em dados confiáveis, posso equivocar-me em algumas conclusões. O leitor, com seus conhecimentos sobre o assunto, concordará ou não com minhas ideias. Comecemos.
1) O único obstáculo que ainda impede o Brasil de tornar-se um regime comunista são as Forças Armadas. (Na Venezuela, Hugo Chávez controlou o Exército e colocou em prática o “socialismo do século XXI”). Tudo o mais está sob o domínio da esquerda: Igreja Católica, sistema de ensino (desde o ensino fundamental até ao ensino superior), meios de comunicação, judiciário, legislativo, etc.
2) Esquerdizada as Forças Armadas, o comunismo se implantará. A população completamente desarmada não será páreo para balas de fuzis. (Veja que em todo país onde existe o regime comunista ELE FOI IMPLANTADO POR MEIO DAS ARMAS E NUNCA COM O APOIO DO POVO).
3) Certa feita um aluno de esquerda perguntou-me a razão de defender “a classe dominante”, a “burguesia”, a propriedade privada e ideias conservadoras. Acaso possuo fazendas, dezenas de casas e terrenos, herança milionária para receber com a morte de meus pais, etc.?,inquiriu-me .Respondi-lhe que não. Pelo contrário. Vivo de minha aposentadoria de professor estadual. Caso deixe de recebe-la, morrerei de fome. Contudo, disse-lhe, ao resistir à implantação do comunismo, acredito estar lutando pela democracia, pela liberdade de expressão, de religião, de ir e vir, de manifestação política, etc. Algo que não existe em nenhum país comunista. O aluno continuou: “- Professor, o senhor é otário. Fica dando a cara para bater enquanto os ‘filhinhos de papai’, os ‘riquinhos’, as ‘famílias tradicionais taquaritinguenses cheias da grana, que vivem comendo do bom e do melhor, morando em mansões, dirigindo carros do ano, viajando para o exterior, são donos de um patrimônio composto por fazendas, sítios, terrenos e casas alugadas, etc. entram em partidos de esquerda, por eles saem candidatos, dão entrevistas detonando o capitalismo e – como professores – alegam defender os pobres, dominados, oprimidos, explorados e metem o pau no senhor”.
4) Sabem de uma coisa. Pensando bem, o garoto tem toda razão. A partir de agora deixarei de escrever contra o comunismo. Não criticarei mais Fidel Castro, Cuba, Maduro, Venezuela, jovens da “esquerda caviar” que usam camisetas com a imagem do Che Guevara, etc. Dedicarei-me somente à cultura, prosseguindo em minha formação intelectual. Lerei, ouvirei música clássica e jogarei xadrez. Literatura estrangeira, filosofia, psicologia, biografias de grandes pintores, etc.
5) Dou a mão à palmatória. Elegemos Bolsonaro. Ano e meio sem corrupção no governo federal, Guedes colocando ordem na economia, etc., todavia, a esquerda – apoiada pela classe dominante!!! – não o deixa governar. Pois bem, Ordem do dia: parar de combater a esquerda. Que retome o poder. Veremos a classe dominante, os ricos – que brincam de comunistas – terem suas fazendas, mansões, etc., invadidas e tomadas, pedindo pelo amor de Deus que as Forças Armadas façam algo. Só que se esquecem de uma coisa: não estamos mais em 1964. As Forças Armadas – cansadas de serem achincalhadas – e sob as ordens da esquerda, nada farão. Senhores, tarde demais. Inês é morta…

* Gilberto Tannus é Mestre em História pela Unesp

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